terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sem olhar para trás.

Mudar.

Quantas vezes me apetece virar as costas a tudo e sair. Arranjar, ou melhor, ser algo diferente, para variar a cara que me dá os bons dias quando me olho ao espelho. 24 anos e uns trocos de dias decorridos e permanece aquele azedo de "podia ser" ou "podia fazer" algo melhor. Podia estar noutro sítio, com outras pessoas, outras rotinas e outras monotonias. Devia?

Sim, considero-me um eterno insatisfeito. Mais um, de muitos, recheado de idiossincrasias, de redundâncias, de falácias e outras palavras caras que fazem mais sentido quando não se fala delas.

Por vezes gostava de não querer mais do que tenho. 10 minutos de letargia e conformismo, apenas, para encarar sem insegurança o tédio mental que me aborda quando menos quero. Divorciar-me de mim com separação de bens e ver do lado de fora a pessoa na qual me tornei. E com jargões absurdos apontar de uma vez todas as manchas e todas as imperfeições, incumbir alguem de as resolver e sair empertigado para outra realidade. Encerrar o capítulo "Eu", pedir desculpa a quem o leu e começar um livro novo.

Sem mais auto-comiseração, digo: não me arrependo da pessoa que sou. Mas abomino as minhas expectativas: um torniquete que aperta um milímetro mais que o limiar de dor; sempre um passo para além da linha do horizonte. O crítico que mora no meu crânio é uma besta a quem gostaria de apresentar uma ordem de despejo. Ajuda-me a procurar mais, a ambicionar o abstracto, mas também cobre de sal as feridas que só ele sabe existirem.

Irrita-me saber onde quero chegar neste jogo e não ter os dados na mão.

"A sua hora terminou. Até para a semana"

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